1.3.09

Olhar(es)

Freguesia com um passado riquíssimo, esmagadoramente inexplorado e ignorado na generalidade pelo conhecimento público, mas com afloramentos conhecidos (de registos paleolíticos a árabes, de presença romana à contemporânea, de batalhas, de revoluções a profissões de fé, de irrepetíveis manifestações culturais a fervorosas e por vezes incompreensíveis lutas, extraordinárias lendas e históricos contos, sublimes artes e incomensurável solidariedade, salutar convívio e inexcedível saber, soberba natureza e marcante industria, presidentes e reis, pérolas gastronómicas e vitivinícolas, etc.), é pois possível, mesmo ao mais incauto viajante, de forma fácil tomar conhecimento pela rama das muitas preciosidades que estão na génese do TRAMAGAL.
Poucos desses tesouros e seus testemunhos estão a salvo, alguns deles sonegados à ignorância por particulares, (talvez… indevidamente!), por vezes deles usufruindo carinhosamente, evitando um destino de ruína, esquecimento, abandono e à vertiginosa delapidação. Outros ainda aguardam em recônditos lugares poeirentos que os exponham dignamente à luz do dia.

Não tenhamos duvidas, o futuro do seu passado será no contexto actual e a manter-se, irremediavelmente a vassoura do tempo, perante a indiferença da coisa pública, que para elas deveria estar muito mais que atenta.
Existem porém outros que tentam escapar a este fado, em vagarosa reabilitação ou envergonhada estima. Vão sobrevivendo. Mal amados por uns, estimados por outros, que sem mais do que o afinco da carolice de alguns (poucos) Tramagalenses, vão contrariando o seu desaparecimento. Resta enunciar neste rol, uma outra minoria, os
conterrâneos que estoicamente vão alertando para o seu potencial, espicaçando mentalidades do seu intrínseco valor, fomentando e promovendo janelas de oportunidade, algumas delas impregnadas de utopia mas sempre exalando odor a tramaga.
Com uma franja etária que está em consonância (
infelizmente!) com a interioridade de muitas das vilas e aldeias desta “jangada de pedra”, TRAMAGAL e as suas gentes, apesar de, como tantas outras, terem sido incapazes de fugir à tendência da voraz globalização aliada a um poder local castrador (nacional, internacional) não se coíbe de continuar a arremessar pedras no charco da resignação.
Este TRAMAGAL, qual Fénix, alavanca-se no inconformismo de muitos sem menosprezar outros, ancorado em memórias desfrutadas na infância, busca cenários de discutível aplicação
á urbe e ao seu equilíbrio, edificando janelas de oportunidade, com pertinência de não menos interesse.
A génese da coisa está cá, os sólidos caboucos persistem, a estrutura sofreu forte abalo, mas não se julgue que a pujança se desvaneceu, que o Convívio é,


Maestro, é toda sua, FORÇA!... há que treinar prá ponte…





RL

5 comentários:

TZ disse...

Observo dois pormenores: o tamanho dos plátanos e a escada do palco da SAT

Anónimo disse...

Só?... :(

TZ disse...

Estou sem óculos :)

Anónimo disse...

Caro RL. Obrigado. Foi um deleite.
A sua ode bateu no topo da escala da leitura, assim, à minha primeira vista e sorviso de um gole e de um só fôlego. Permita-me comentários posteriores e a sangue mais frio...este, assim servido e sem estar à espera, exaltou-me por demais. Melhores cumprimentos
Roper

Anónimo disse...

Ora aqui está, meu caro RL, uma das muitas leituras, que traduzem com fidelidade toda a genese da alma tramagaleira, a sua construção, manutenção e tremores que ao longo do tempo tem sofrido na sua edificação. Sem constrangimentos, eis aqui um texto que muita gentinha devia ler não para se reconverter ao que de mais puro esta faceta contem, mas para avivar e reluzir este ouro que somos nós, TRAMAGALENSES, que só temos de estar orgulhosos do nosso passado e tentar, lutar,ter, uma verdadeira acção para que não se devaneie o espirito que ainda vai graçando e que estou em crer pode de um momento para o outro revitalizar-se sobremaneira.
Repito: adorei o texto e parabéns.