29.1.09

1910 Vila convívio

O MUSEU
(virtual)

A busca não necessita de particular acutilância, nem sequer requer penosas averiguações em poeirentos alfarrábios para recolher testemunhos de gentes que no passado remoto assentaram arraiais por estes lugares e que estão na génese dos actuais Tramagalenses.

Vem isto a propósito de num dos esporádicos pedalares de saudável delicia que a família pratica (quando é possível) por montes e vales ao redor da Vila Convívio sempre na expectativa, tantas vezes confirmada de se deparar com algo que lhes extasia os sentidos. Ora bem, indo nós ali para os lados do Cabeço do Moinho de Vento, rolando por caminhos de cabra e na sequência de um desequilíbrio da “bicla” na vanguarda, soltou-se do revolto cascalho o “utensílio” Neólitico com uma inscrição (perfeitamente identificável, mesmo para um leigo) e que logo baptizámos de: “pedra lascada com assinatura”.

O Património é a memória dos povos e que dor sente ao percorrer os recantos geográficos da Vila e se depara com vultos patrimoniais em elevado estado de ruína, abandono, delapidação e incúria. (Antigos lagares e adegas, moinhos, TTL, MDF, Mirante, TSU, mercado, ex-escolas, entre muitos e muitos outros exemplos no edificado), isto sem escamotear o extraordinário potencial ecológico que igualmente padece do mesmo mal, sendo caso paradigmático a margem do Tejo, da ribeira de Alcolobre, a mata, a floresta, o pinhal, etc., etc.; obviamente que a responsabilidade se dilui nas imensas e retorcidas questões legais e em tantas outras entidades que deveriam pugnar por gerir, cuidar e acautelar estes testemunhos para as gerações vindouras.

Para quando um MUSEU?
RL
PS: Grato e não menos solidário com o anónimo comentário.

5 comentários:

TZ disse...

A ideia de um museu no Tramagal já é tão antiga que quase se podia fazer um museu do museu.
Aflige ver que a Câmara, entidade que a meu ver teria responsabilidade em promover a sua criação, nunca acolheu a ideia de forma consistente, antes se perdendo no Museu Ibérico de Arqueologia e Arte ou no Centro Ciência Viva dos Rios, de duvidosa sustentabilidade...
Há tempos pus a hipótese de criar um "museu virtual", que é uma forma interessante e relativamente barata de museologia(uma pesquisa no google leva a coisas muito interessantes).
O Sr. Francisco Estudante reuniu e catalogou um grande espólio da ex-MDF...
Em qualquer caso, a metalurgia, que é o "produto estrela" da nossa terra, teria que ocupar um núcleo central.
Há muitos espaços que se podiam adaptar, musealizar. Desde logo o que aparece na imagem em epígrafe, uma área nobre e central da vila, que se encontra ao abandono há já muitos anos. Eu andei à escola ali, muito gostava que ali se voltasse a aprender.
Esta ideia tem futuro.

Ana Paredes Cardoso disse...

“Um Museu do Museu”, acho que nesta ideia do TZ temos uma resposta.
Não digo que o espólio em questão não merecesse, mas penso que é preciso cautela. Um museu hoje em dia é algo como aprender francês. Ou seja, não é rentável. Como se sustentava um museu em Tramagal? É que a expressão “sustentabilidade”, não está só na moda, ela dita o que tem pernas para andar e o que não tem. Acresce o facto de se tratar de um património recente, portanto menos capaz de mover acções. É tradição, entre nós humanos, salvaguardar só depois de estar morto. É assim, que se classifica o nosso património. Por exemplo, no caso do imaterial, só quando determinada expressão cultural já deixou de ser tradição, apenas restam vestígios, é que se protege, cristalizando em registos escritos, fazendo investigação e por aí a fora. Creio que é uma contradição que é intrínseca ao próprio conceito de património.
Visitei há pouco Cardílio, uma vila romana do séc. I. a.C., onde os magníficos mosaicos estavam ao relento, chuva, vento... e aqui a obra é bem simples, pouco dispendiosa e estava ao alcance de um município como Torres Novas.
Gostei da ideia do museu virtual.

Anónimo disse...

Tenho bem vivo na memória, até por ter presenciado ao facto, o então vice-presidente da Câmara de Abrantes, Albano Santos, ter estado em Tramagal no ano 2007 a presidir ao lançamento do livro da autoria da jornalista tramagalense Patricia Fonseca sobre a história de Eduardo Duarte Ferreira. Lembro bem a presença significativa de tramagalenses no local onde decorreu o acto, um antigo pavilhão onde laboravam secretários, técnicos, desenhadores e engenheiros da MDF e lembro também a promessa do (ir) responsável de então: 'Esta foi também a casa onde meu pai trabalhou, se fez como homem e arranjou dinheiro para me sustentar e educar, apesar de ser de Alferrarede. Hoje, posso aqui afirmá-lo, o lançamento deste livro sobre o velho Eduardo é o primeiro passo dos muitos que marcarão o caminho da construção aqui de um Museu dedicado à sua vida e obra'. Hoje, o que vemos? Para os responsáveis camarários, Abrantes continua a ser o cabeço e o respeito devido a Tramagal e aos tramagalenses continua a não ser nenhum... Se não contarmos com a nossa arte e engenho para fazer desta terra um local melhor para se estar, para viver, trabalhar e investir, não será, com toda a certeza com a ajuda dos actuais responsáveis camarários.

Horta F disse...

Em minha opiniao um museu em Tramagal e' tao sustentavel como o monstro que a CMA, vai construir em Abrantes, mas desse falo noutro espaco. As antigas instalacoes da Fundicao Velha, sao o lugar ideal para o pequeno espolio de um futuro museu, bem como reavivar o espaco com um curso de ferro forjado, na boa tradicao da vila e dando sequencia ao trabalho de Eduardo D. Ferreira. Por isso seria o Museu Escola com o nome do ferreiro, onde este iniciou a sua actividade e onde viveu. O dinheiro para a recuperacao dos edificios, vem da UE, da CMA, do Governo, da Associacao de Museus e de todas as entidades que que queiram dar o seu contributo, incluindo particulares. No caso do grande espolio a empresa Diorama concerteza que estara' interessada na participacao sendo necessaria a abordagem e apartir dai fazer seguir em frente o projecto. Neste caso o edificio do antigo escritorio principal ja foi apontado ha' alguns anos pelo Sr. Estudante. Quando 'a manutencao das seccoes e remuneracoes dos funcionarios, isso cabe 'a CMA, tal qual ira' acontecer no Monstro Iberico. Ja' e' tempo de se comecar a olhar para o futuro do Tramagal, com uma perspectiva mais optimista e de se fazerem andar projectos . Um museu no Tramagal e' sinonimo de desenvolvimento economico, porque trara' 'a vila antigos trabalhadores e simples visitantes e sera' uma mais valia historica e ludica para as criancas em idade escolar de todo o conselho e nao so'. Sim, eu sei a fundicao velha tem donos, mas sem se fazerem abordagens nunca se conseguira' saber se este projecto e' viavel ou nao.

Anónimo disse...

É, 1754. Concordo no essencial consigo. Tenho mais dúvidas é quando continuo a deparar-me com esta sociedade tramagalense que parece continuar orfã do velho Eduardo e parece continuar à espera que façam por ela, que decidam por ela...