Ao contrário do que às vezes leio e ouço, não me parece que seja a falta de alojamentos que entrava o desenvolvimento ao Tramagal. Noto que existem muitos imóveis à venda em áreas infraestruturadas e com boas localizações. Por outro lado, o mercado imobiliário está a sofrer algumas alterações, e uma delas poderá ser o aumento da actividade de arrendamento, especialmente adaptada à satisfação das necessidades dos jovens, que num quadro de estagnação e regressão do valor dos prédios, e num clima de instabilidade financeira, podem ver aí uma solução de habitação mais fácil.

Também ouço algumas críticas ao plano de urbanização , mas não me parece que este seja assim tão mau. Eventualmente, pode ser melhorado nalgumas normas, nomeadamente com o objectivo de incentivar a reabilitação do edificado, maximizar a utilização das infraestruturas instaladas e dar mais espaço à criatividade nas soluções arquitectónicas. As alterações aos planos, no quadro legal em vigor, estão bastante facilitadas.

O urbanismo do Tramagal, não tendo, em geral, nada de especial, tem boas qualidades: o predomínio do rés de chão e primeiro andar, o quintal, as ruas que ainda resistem à ditadura dos carros, a boa relação com a envolvente rural/natural e um nível de equipamentos e serviços relativamente bom. A terra, apesar de tudo, funciona.