28.2.10

veneza
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Com as acque alte. a insustentabilidade do Aquapólis ganha realce:
.Do ponto de vista ambiental - a artificialização "contra natura" reduziu a biodiversidade, prejudicou a paisagem e alterou determinantemente a hidrologia do rio degradando o estado da massa de água.
.Do ponto de vista económico - os impactes positivos directos não se verificaram e só considerando todo o investimento realizado como "a fundo perdido" se poderão algum dia alcançar. A valorização de áreas envolventes, concretizando-se a injustificada conversão de solo rural em urbano (PDM, PUA, PPAquapólis Norte?) originará mais-valias privadas, algum emprego na fase de construção e receitas autárquicas que não compensam minimamente o esforço realizado pelo Estado.
Os custos de manutenção do Aquapólis são elevados: estimo que ascendam a uns 30000€/ano e tendem a aumentar sem receitas que os suportem.
.Do ponto de vista social - os benefícios da disponibilização de alguns equipamentos e mobiliário, como bancos, parques infantis e para a terceira-idade, ciclovia ou anfiteatro foram comprometidos por erros de projecto: a localização dos referidos parques deve ocorrer em sítios onde se possa ir sem ser de automóvel (esta "lógica de Central Park" que a CMA também adoptou para o S. Lourenço é desadequada à realidade concelhia); a ciclovia é um troço isolado, desconectado e de pouca utilidade; o anfiteatro, pouco funcional e mal implantado, só permite ouvir o trânsito e o ruído que provoca quando pisa as juntas da ponte (ouvi dizer que vão fazer outro auditório no castelo, não há mais nada onde gastar dinheiro?); o mobiliário urbano, nomeadamente os bancos, foram mal dispostos, têm pouco uso e estão a degradar-se rapidamente.
A invenção da praia do mar de Abrantes seria boa se a água e a areia o fossem... As análises da água realizadas até 2008 deram várias desconformidades, principalmente na margem Sul. Quem tem o Castelo do Bode e as suas várias áreas de recreio balnear por desenvolver devia começar por aí.
.Do ponto de vista da governança - o Aquapólis teve reduzida discussão pública e não teve avaliação ambiental (!?). Fez parte de uma "visão" que dispôs de demasiados fundos públicos e produziu ao longo do Tejo várias obras de duvidosa utilidade. O Aquapólis é um mau exemplo ambiental, arquitectónico e de gestão autárquica, dá razão a quem diz "eu não posso fazer nada mas "eles" podem fazer cidades dentro do rio"... Qual é o papel da Administração da Região Hidrográfica do Tejo neste processo?
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imagem de O Cidadão abt

4 comentários:

D´Atalaia disse...

Até que enfim...Que o Mar chegou Abrantes!...

João Baptista Pico disse...

O investimento a "fundo perdido" não isenta o mesmo de apresentar retorno financeiro. Quando muito liberta o dono da obra ( a CMA) de um dia ter de devolver os 18 milhões de euros recebidos da CE e do Estado ( 13 da CE e 5 do Estado, já que a própria CMA entrou com 2 milhões de euros, para o total de 20 milhões de euros)e com juros acrescidos pelos anos decorridos.
Se os 20 milhões fossem aplicados na assistência médico-social, o serviço social de elevado nível assim obtido gerava um retorno invejável, incluso nessa gama de serviços assistenciais prestados.
Como venho denunciando desde 2001, este "negócio" tinha tudo para correr muito mal.

João Baptista Pico disse...

Quanto à responsabilidade do INAG e Hidráulica do Tejo, tenho um livro editado em 1997 pelo Inag, onde já se dava como adquirido depois de longos anos de discussão e estudos prévios, que desde 95 ficara assente a aposta numa barragem em Alvito e outra em Almourol.
Só nunca percebi, até que ponto Lacão deixou passar em claro o Plano Nac. Barragens em Setembro de 2007, quando em Junho esteve a inaugurar o açude. Podia não saber muito de cotas, mas um telefonema para Abrantes e logo alguém lhe faria recordar que abaixo da cota 31 existia todo o equipamento do Aquapolis acabadinho de inaugurar.
Não ter nunca travado o assunto em Conselho de Ministros, parece-me algo inenarrável...
Parece coisa de boys. Talvez ainda surjam para aí umas escutas ao Pina da Costa e este a desvalorizar as cotas e a " abençoar" a dita submersão como o fez ao Mirante...

João Baptista Pico disse...

Os pescadores da ORTIGA na Rádio Tágide já colocaram o problema grave, que a presidente actual, com 3 anos de vereadora no "Ambiente" (muito próprio)promete ir agora ESTUDAR!!!
Mas pelo caminho já vai avisando que só baixa o açude entre Dezembro e Maio para a desova, se Belver garantir caudal e se as redes a jusante e a montante e tudo o mais que se treste a retardar a resolução do óbvio...
ORDENAMENTO PARA QUE TE QUERO?!
O PROJECTO PARTICIPATIVO " A MINHA RUA" não foi alargado ao nosso rio Tejo...