9.4.19

Rádio Tágide


Se a memória não me atraiçoa, em meados de 86, do século passado, uns ‘putos’ soldados, pisgavam-se do quartel em Tancos rumo à Vila Convívio, mal dispersavam da formatura sob rígida ordem militar, ainda envergando puída farda nº2. Voavam baixinho, encafuados num esforçado Renault5, que nem venerado bólide do Santinho Mendes, arrepiava os pneus em curvas incontáveis de mortiços traços contínuos, cujas secantes até as cálidas tágides águas que do fundo das ravinas espreitavam, enfunavam. Um dos camaradas, mal escondia a urgência da saudade do beijo da cachopa, que convicto lá o esperava, outro, o ao volante da máquina, espelhava stress, ciente das exigências que o aguardavam para abrir a porta obrigatória do D’El ... e cá o rapaz, urgindo pegar nos vinílicos lá da casa paternal para os por a rodar no éter, em pontualidade indesculpável de sol posto, num cubículo que mais não era do que a decrépita cabine de projecção de uma  outrora esplanada TTL de êxito cinematográfico, onde ainda se podia fumar e estava equipada com dois “pratos” e pequena mesa de mistura…fascinante! Chamava-se o programa radiofónico, “Fumo do Tramagal”, coisa que me feriu o bichinho do ouvido, após todos estes anos, ao espremer velha cassete, cujo registo no passado fim-de-semana ressuscitou em descontinuado museológico leitor.

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