No teu correr vazio de sentido,
Na memória que sobes lentamente,
Do mar para a nascente,
És o curso do tempo já vivido.
Por isso, à tua beira se demora
Aquele que a saudade ainda trespassa,
Repetindo a lição, que não decora,
Só um homem a olhar para o que passa.
Não, Tejo,
Não és tu que em mim te vês,
- Sou eu que em ti me vejo!
Saudades tenho sim, mas de perder,
Sem as poder deter,
As águas vivas da realidade!
Não, Tejo,
Não és tu que em mim te vês,
- Sou eu que em ti me vejo!
Carminho
2 comentários:
"O Tejo corre no Tejo", poema cantado na segunda pessoa do singular que nos reporta para o ramal do Tua!
Já faltou mais.
Ora viva,
Atento cidadão,
ou melhor, qualquer um, julgo que mesmo o cidadão mais abstraído se indigna com a certeza para onde caminha o ‘interior’ perante os evidentes indícios que a realidade nos atira à cara.
Vemo-lo desertificado, sentimo-lo velho, abandonado, castigado!
Duma forma geral o nosso património (abrangente) encontra-se em ruina ou vandalizado, outro esquecido ou envergonhadamente dado a conhecer. Cinzento. (Embora tão apreciado e usufruído por gentes de língua estranha à de Camões.).
Ainda assim, inexplicavelmente, ao depararmo-nos com ele, até mesmo nos nossos dias, continua a surpreender-nos, causa-nos perplexidade, admiração, orgulho (de olhos baixos) por ser nosso.
É certo que se vão perdendo irrecuperáveis potencialidades intrínsecas.
Enfim!
Garanto que o iremos pagar, ou melhor já começámos a dele ser espoliados, nós e as próximas gerações.
No entanto, não há como o nosso clima, (a luz), a comida...e as Gentes!
Por onde tenho palmilhado… (Por este rio acima, Deixando para trás, A côncava funda, Da casa do fumo, Cheguei perto do sonho, Flutuando nas águas, Dos rios dos céus . . . como escrevia Fausto), sem pejo algum, tenho gosto em afirmar que é inigualável!
Temos é de o ser no resto.
Cidadão abt,
é sempre um gosto.
RL
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