como em vez de navegar, às vezes só se vai pelo rio, a correr
procura-se no http://www.google.com/ pelos lusíadas; http://www.oslusiadas.com/content/view/18/41/ usa-se a ferramenta de pesquisa para encontrar aí um rio;
"4
E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mim vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloquo e corrente,
Porque de vossas águas, Febo ordene
Que não tenham inveja às de Hipoerene." ;
procura-se no http://www.google.com/ quem era Hipoerene; e aparece-nos em http://www.signos.blogspot.com/2006_10_01_archive.html;
"Algumas notas soltas sobre o que sei sobre a mais extensa bacia hidrográfica da Península (a do Douro é maior). O Tejo e o seu entorno.
1-Nasce em Aragão, na serra de Albarracim, em Frias de Albarracim onde há um monumento, composto por uma estrela, um cavaleiro medieval e um toiro. Futuro, memória e cultura.Passa por terras de Castilla la Mancha e por onde já esteve a capital da Ibéria, e ainda hoje conserva o porte e galhardia, a imponência que três religiões que por ela passaram, nela se radicaram e construíram história e desta cidade altaneira da tradução fizeram capital.Toledo, a cidade do aço, e das três religiões que ainda hoje se cruzam entre os museus que foram mesquitas, sinagogas ou igrejas, onde a fala se purifica e onde as pedras carregam tempos e memórias. Em Toledo, o Tajo, que em castelhano é “corte”, fenda que se abre entre as terras, delimita a cidade, construiu a cidade pois a partir dele se estruturam as muralhas.
2- Continuamos a descer o Tejo. Encontramos, incontornável, quando falamos de história, e nesta da economia que a faz sobre o ambiente e os recursos. Incontornável quando sabemos que é um elemento estruturante das nossas sociedades, a energia.Passamos a central nuclear de Almaraz. Durante anos acompanhei os registos do antigo LNETI sobre as análises radiológicas à entrada em Portugal. Várias vezes esses entravam na zona de sombra! Os acidentes (ou incidentes como costumam ser referidos...) são recorrentes neste tipo de reatores (PWR, água pressurizada), tendo um erro (humano ou técnico?) na calibração do nível de água no gerador de vapor, que se encarrega de extrair o calor do contendor do reator onde se realiza a reação nuclear já ocasionado várias paradas. (Porque será que outras histórias me vem à memória???)Mas vale a pena, embora esse não seja senão mais um apontamento referir e transcrevo, do Serviço Nacional de Protecção Civil:“ No entanto, no caso de ocorrer um acidente na central espanhola mais próxima, a de Almaraz, que dista 100 km da fronteira, das medidas para o exterior por exemplo a evacuação só seria aplicada num perímetro até 30 km da central, o que se localiza totalmente em território espanhol.” E acrescentam “apenas 7 % do território de Portugal continental (...) será (...) abrangido por acções de mitigação, em zonas de baixa densidade populacional, o que corresponde aproximadamente a 2 % da população portuguesa”.Notável e sem outros comentários.
3- Um terceiro apontamento leva-me outra vez ao passado. Niza que herda um património genético hereje, cátaro, ainda hoje presente nos nomes das suas terras, na fala das suas gentes e que se imbrica na história. Por aqui estavam os Templários a receber os 1ºs refugiados religiosos da história, os cátaros fugidos da 1ª cruzada, que nomearam Arez, Tolosa, Montalvão, e a própria capital do concelho. Das valências do concelho menciono por mais significativas o Conhal (mineração pré romana de ouro), hoje classificado pela Unesco, a aldeia de Amieira, e os registos judaicos em Alpalhão (e a bienal de pedra desta). Registos templários (ou de outras origens similares, imbricados com S. João Baptista são uma riqueza do concelho!).Os espectaculares alinhavados, bordados, rendas e bilros, que igualmente poderão ser valorizados numa lógica de sustentabilidade e também a interessante cerâmica local.Mas tenho que aqui referir, publicamente pois parece que o pesadelo, ou parte dele já foi arquivado, que associado ao desmantelamento da estrutura hidroeléctrica do Fratel, em vez de se proceder à recuperação paisagística e do património se pensou, foram feitas sondagens locais ...em aqui instalar um instalação como a que tão mal localizada está a cem quilómetros.O conhecimento e a lógica de sustentabilidade presente no desempenho autárquico eram garantia suficiente para que esse intento não se concretizasse. Mas ainda vive o concelho o fantasma de uma anti-económica (por ser escasso e de elevados custos ambientais) exploração de urânio. Também alternativas se imporão.
4- Descemos o Tejo, pelas desoladas serranias de Marvão, vítimas da cupidez humana, eucaliptadas e...ardidas, e passamos o imponente castelo de Belver. Chegamos a Abrantes e enquanto paramos para uma “palha” (1) recordamos que se hoje a central do Pego tem alguns mecanismos de controle ambiental e mais terá por força da legislação se deve a muitos que palmilharam os caminhos e nestes não temeram a lama. Lama que ficou, todavia, num estranho motel que assinala a terra, que deu nome à central.Continuamos por Constância e voltamos ao vate e aos seus tempos recordadas em festejos que o tempo continua e passamos ao largo da Golegã, capital do cavalo e terra de toureiros e também onde encontramos um curioso e protegido paul, o do Boquilobo.Descemos o rio, passamos “torricadamente” (2) pelas lezírias.
5- Santarém merece um ponto autónomo, com o seu gótico esplêndido, com a sua quietude famosa, as suas festas, as suas igrejas, as suas tascas. Merece também referência por ser do concelho, estar ligado à água e ter feito história, o povo de Pernes e a defesa do Alviela, que é afluente deste Tejo. Foi aqui que se organizaram as 1ªs manifestações populares em defesa de valores imateriais. O direito a água limpa, o protesto contra quem não a respeitava. E é aqui que está o nó górdio das políticas de ambiente em Portugal. A descontinuidade, o improviso, a inauguração sem substância, o não ir á raiz dos problemas. 30, 32 anos após as primeiras manifestações do povo de Pernes e a criação da CLAPA os problemas mantêm-se, e as etares já foram inauguradas e reinauguradas dezenas de vezes.O problema é estrutural e está ligado à lógica de micro-produção de calçado e ao sistema nacional, daqui exportado para o Brasil (o jeitinho!), está relacionado com escolhas desenquadradas do uma análise do excreta (aliás erro que se repercute em quase todo o pais, nas mãos de empresas francesas e alemães, que cumprem directivas europeias mas não procedem a uma aferição dos conteúdos dos resíduos líquidos nacionais...)
6- Passamos pelo Ribatejo, mas será que poderíamos passar por algum sítio na Ibéria sem neles vermos a história do homem que continua nos tributos que lhe prestamos, passamos pois e vemos campinos e toiros, ao longo. Pontuando o território, justificando-o vemo-los imponentes e recordamos estórias, templamos com duende a vida que percorre as terras e marca os tempos de festa, marca o tempos sem tempo da campina.Os toiros, a sua continuidade, a festa, o ambiente, a economia tem uma importância fundamental para estruturar este espaço. Olé.
7- Já com laivos de água salgada à mistura encontramos as casas palifitas que nos contam memorias de avieiros e onde não podemos esquecer os Esteiros e Soeiro Pereira Gomes, e sendo que aqui e agora não quero deixar de referir um homem que é um dos grandes, um dos maiores jornalistas portugueses, que foi um dos incansáveis defensores do ambiente e do património, com a sua pena e a sua acção cívica. Daqui saúdo e lhe desejo saúde e paz no seu Projecto Palhota Viva, Humberto de Vasconcelos.
8- O mar da Palha e a reserva do Estuário do Tejo, com os milhares, milhares de aves que anualmente passam, fica,, nidificam e morrem, reproduzindo e alimentando o continuum que é a vida, nestas zonas únicas para a manutenção da vitalidade do planeta.Em frente onde foram depósitos de vários tipos de excreta, lixos urbanos, lixos militares, lixos energéticos, lixos animais, desenvolveu-se um projecto de renovação, de criação urbana. Infelizmente o império dos “pato-bravos”, dos construtores incivis, a prevaricação com a lógica de sustentabilidade urbana, o desvario do capital parasita, a corrupção estão a aniquilar o que poderia ter sido um espaço único e uma bem sucedida recuperação urbana. Hoje a antiga Expo 98, rebaptizada Parque das Nações caminha para a reboleirização. O seu caminho para a porcalhota está em curso, e os problemas derrivados de volumetrias excessivas, escandalosamente excessivas num espaço de aterro contaminado ainda estão para vir.
9- Continuo a caminho da Foz. Esgotos a céu aberto continuam ao longo do rio a verter. Do Poço do Bispo a Algés já contei mais de vinte. O caneiro de Alcântara continua (herança do pior abecassismo) a não prover adequado tratamento aos esgotos, nem sequer aos que é suposto tratar. A qualidade da água do rio em Lisboa melhorou. Veja-se os estaleiros que fecharam, a Siderurgia Nacional que fechou, o Barreiro que é hoje um resíduo industrial.Já nos estudos que foram feitos para a Conferencia de Estocolmo ( e aqui aproveito também para homenagear pessoalmente o Eng. José Correia da Cunha que nestes relevou) se referia que o Tejo só recuperaria quando as indústrias que o utilizavam mudassem. Penso, todavia, que não era esta mudança que tinham em mente.
10- Ainda podia continuar, dado que até as águas doces do rio, que como dizia Sophia torna o nosso corpo leve e a alma alada, se dissolverem no mar imenso ainda temos os problemas dos silos da Trafaria, de projectos megalómanos ao longo da faixa ribeirinha, temos os continuados problemas que resultam da existência do domínio público marítimo e do Porto de Lisboa.Ainda podia continuar, por muitas outras grandes e muito grandes questões que se prendem com o usufruto deste rio que amamos.Podia continuar por muito tempo, mas
(...)
A vida é leve e arredada
Como esta réstia de espuma
Toda a gente é séria e é boa!
Não existem homens maus!
Adeus Tejo! Adeus Lisboa!
Adeus! Adeus! Adeus! Adeus!
(...)
António Gedeão
(1) do Roteiro Gastronómico de PortugalPalha de Abrantes:Ingredientes:* 300 grs. de fios de ovos* 150 grs. de açúcar* 5 gemas de ovos* 60 grs. de miolo de amêndoa pelada e ralada* folhas de obreia (ou de hóstia)* 4 colheres de sopa de água
(2) da wikipedia Consiste numa forma prática de cozinhar o pão, torrando-o e untando-o de azeite e alho, de forma a acompanhar bacalhau assado, embora também seja usual como acompanhamento de carne." ;
vamos a0 livro saber que Hipoerene é Hipocrene;
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