30.9.03

O Tramagal é uma boa varanda para olhar o país.

Artigo do jornal "Abarca":



EXPLIQUEM-ME, CARAMBA (1)

Sábios do meu País
1. Para que servem os caças, os blindados e as fragatas em segunda mão, que os nossos governantes agora vão comprar para as forças armadas portuguesas, quando não há helicópteros de salvamento de náufragos, nem aviões de combate aos incêndios, nem lanchas mais rápidas do que as dos negociantes das drogas, nem rebocadores de alto-mar para acudir aos habituais naufrágios nas nossas costas, nem equipamento adequado para combater as marés negras ?
2. E os submarinos, Senhores, que vão custar mil milhões de euros? Como é que vão ser decisivos na luta contra o tráfico das drogas? São copia aperfeiçoada do "marplano" que, há 65 anos, me maravilhava nas páginas de "O Mosquito"? Isto é, são submarinos que se podem transformar rapidamente em lanchas ultra rápidas ou até em aviões supersónicos?
3. Para que servem, quantos são e quanto custam os elementos das nossas Forças Armadas, agora que não há colónias a defender, os espanhóis já nos conquistaram sem dar um tiro e os terroristas incendiários parecem ser os nossos únicos inimigos declarados ?
4. E porque é que os bombeiros hão de ser "voluntários" ? E sofrer fome e sede e exaustão no apagar dos incêndios florestais? Não é o combate aos fogos uma batalha todos os anos travada ? Porque é que as nossas Forças Armadas não fornecem, nesta verdadeira guerra, cobertura logística de comunicações, transporte e alimentação aos "soldados" da paz ? E porque é que aos bombeiros portugueses se pede para serem heróis e ninguém se preocupa se são eficazes e eficientes?
5. Porque é que os soldados do RI de Abrantes, saíram só com "espanadores" para apagar as labaredas que chegaram a lamber os muros do seu quartel ? Nos quartéis portugueses não há mais nada para combater fogos ?
Mas os fogos estão a acabar. Para o ano há mais. Mudemos de assunto.
6. Afinal para que é que vai servir a Barragem do Alqueva ?
7. E porque é que o Aeroporto de Lisboa há de ser na Ota e não em Rio Frio, ou em Alverca, ou no Montijo, ou ficar em Lisboa até atingir realmente a saturação?
8. Quantos minutos se ganham num TGV de Lisboa ao Porto, ou mesmo do Porto ao Algarve, em relação a um comboio pendular ? Quais os custos previstos das infra-estruturas e equipamento? Quais as receitas previstas e despesas prováveis na exploração da sua rede? Onde se irão buscar os "milhões" necessários, se a renovação da rede ferroviária tradicional está engasgada por falta de dinheiro e nem há "tostões" para conservar e reparar as estradas e as pontes e os viadutos, que teimam em cair, ou eliminar as passagens de nível que teimam em matar?
9. E porque é que a Ponte Vasco da Gama não ligou Chelas ao Barreiro?
10. Quem vai suportar a exploração dos campos de futebol de luxo gerados pelo EURO 2004? Os clubes ? As câmaras ? O orçamento do Estado? Não liguem a esta pergunta, a resposta é óbvia...
11. Porque é que o Ministério da Saúde não se chama Ministério da Doença e dos Medicamentos, já que a grande preocupação de todos é a eficiência dos serviços médicos, a rapidez e rentabilidade das operações de cirurgia e o consumo e preço dos remédios; quase ninguém se preocupando em ensinar aos Portugueses os mecanismos da degradação pelas drogas e como evitá-las, nem a fazer exercício físico e a comer racionalmente para ter mais saúde ? Porque é que as estações de rádio e televisão de "serviço público" não chamam a si essa missão, sabendo-se hoje, sem sombra de dúvidas, que o Homem é, principalmente, aquilo que come? Porque não se incentiva a criação de restaurantes com alimentação racional? E qual a razão para os produtos dietéticos não poderem trazer nas suas embalagens a indicação dos fins a que se destinam?
12. E se há tanta falta de médicos, porque é que se continua a restringir o acesso aos Cursos de Medicina, com notas mínimas de admissão escandalosamente altas? E porque não abranger no Serviço Nacional de Saúde os técnicos das medicinas alternativas, com habilitações e competências devidamente comprovadas?
13. E porque é que se mudam os programas do Ensino, sem se perguntar ao povo iletrado, sereno mas não estúpido, o que é que lhe fez falta na vida e gostaria de ter aprendido na Escola?
Por favor, respondam-me.
Estou com 75 anos, mas ainda não fui apanhado a guiar em contramão. Não gostaria de morrer a pensar que Portugal nada mais é do que um povo pindérico de parolos permissivos, um país de pedófilos, pirómanos, pécoras, prostitutos, pederastas, proxenetas, passadores e pedinchas preguiçosos, um país de porcinas porcarias pestilentas, de permitidos peculatos e de pasquins pantomineiros com parangonas; um país pobre porque posto de pantanas por pseudo políticos, pernósticos, promitentes, perdulários, promíscuos e pedantes.

A. Carvalho

(1) Versão, presidencial, do "porra" lusitano e plebeu

24.9.03

Só conseguimos ter praias limpas quando as forrarmos com azulejos brancos.

23.9.03

Lamentável: nem Ministério do Ambiente, nem a Direcção Geral de Veterinária, nem o Instituto da Conservação da Natureza se acharam no dever de comentar, e prestar todos os esclarecimentos, sobre o que acabei de ver no “Planeta Azul” de hoje.

19.9.03

Quase 50 anos passados sobre a publicação de "Quando os lobos uivam" a "desvergonha cívica nacional" aí continua "consagrada e triunfante".

cinzento:
O que pensar desta 2ª vaga de incêndios? Que espera o governo para nos pedir rezas?
Deixam-se para Deus fazer, tarefas que qualquer mortal pode realizar.

registo - 19.9.03 - arderam os Charais e a Medroa. Para tudo já pouco falta.
Para ir à Ria de Aveiro já não se vai de barco, vai-se de carro por um mar de autoestrada.

17.9.03

O ar livre do Algarve

15.9.03

Sinto, no momento triste da morte do Damas, o morrer-me o passado.

Posso pensar que na cabeça, na memória, muitas coisas sobreviverão, mas a névoa do esquecimento vai impedindo que as veja nítidas.

Numa história simples: tenho o apelido Damas, vulgar na minha região de muitos parentes. Nos anos 70 e 80, os meus amigos chamavam-me assim, e eu ficava contente porque era o mesmo nome do guarda redes do meu Sporting.

Outras histórias simples e tristes:
Em quinze meses de Mafra, passei várias vezes à Tapada. Nos dias chuvosos de uma semana de campo lembro-me de ter tido muito gosto em apreciar aquelas muito belas paisagens - ontem matou-as o fogo .
O fogo este ano anda assassino como nunca: também matou, neste segundo assalto, o resto da paisagem do alto da Fóia em Monchique. Assim, dificilmente terei de lá a visão límpida que procurei sem sucesso na meia dúzia de vezes que lá subi.



Estes apostamentos que praqui escrevo não há meio de deixarem o cinzento.

O Dr. Durão tem "uma via". O Dr. Durão mostra energia quando muda um mapa de Portugal, na parede de uma escola de Alfandega da Fé.
O Dr. Durão está a proceder à "Reforma da Geografia Nacional"...
Eu gostava de ver melhor o mapa novo, de relance pareceu-me pior que o velho, mas não garanto. O que garanto é que o mapa velho era bom e parece que vai pró lixo.
Na via do Dr. Durão se algo funciona mal acaba-se com algo.
E aí está, incendiário, a prometer a morte a todas as escolas com menos de 10 alunos.

Eu, Dr. da mula russa, acho que em qualquer povoação a escola devia ser a última casa a fechar.
As escolas são, ou podem ser, espaços de:
aprendizagem, convívio,
dinamização social e cultural,
internet, acesso a redes de comunicação, apoio a actividades de escolas urbanas,apoio aos bombeiros, apoio aos idosos, apoio à leitura e à escrita, ao saber, ao Verão...

As escolas fechadas, destelhadas, com carteiras empilhadas no exterior à espera de uma fogueira, descaiadas, com recreios cheios de ervas, abandonadas na Medroa, na Pucariça..., são só mais uma representação da decadência do país.

Não há por certo uma só via.
Por exemplo, para os espanhóis e franceses as vias verdes não são umas caixas que se colam no para brisas, por exemplo...

12.9.03

eu nunca serei eu

11.9.03

Tramagal
Culatra

desenvolver...é encontrar soluções felizes para os problemas da vida

10.9.03

não contestes, não refiles...
pa pum... a ver se me livro desta energia:

é dificil explicar a muitas pessoas, dessas que nos dirigem e marcam o futuro, que normalmente não é a realidade que se engana.

Mais uma vez, a politiquinha e a falta de engenho mata sonhos:
querem pôr a Culatra, aldeia do extremo Sul de Portugal Continental, nas traseiras de um porto de pesca.

8.9.03

não há volta a dar? nem das de 150º?

nunca o "querer é poder" esteve tão longe de ser verdade. herdamos um país difícil.

Se bem me lembro, datam da época do Prof. Cavaco Silva as grandes plantações de eucaliptos. É nas décadas de 80 e 90 que morre o mundo rural e se fazem as autoestradas e viadutos pros subúrbios.
Já nessa altura houve quem avisasse para os malefícios do eucalipto e os perigos do dualismo. Com menos betão e mais educação, a massa nacional era capaz de ter ficado melhor.

2.9.03

Observar fotografias aéreas a ver plantações de eucalipto